Tendências que farão a diferença no Mercado Imobiliário em 2019
Projetar a mudança ou ser vítima dela
A grande tendência é a aceleração das mudanças.
Vivemos em um turbilhão de novos conhecimentos, tecnologias e estilos de vida, que geram cada vez mais novas e rápidas mudanças. Esta aceleração sem precedentes na história da humanidade tende a tornar obsoletos mercados tradicionais.
Há uma série de transformações em andamento na sociedade:
- Estamos vivendo mais e tendo menos filhos;
- Menos pessoas sob o mesmo teto;
- Mais pessoas vivendo solitariamente em todas as faixas etárias;
- Solteiros que buscam praticidade;
- Redução do número de crianças e aumento do número de idosos;
- O número de domicílios chefiados por mulheres mais que dobrou em 15 anos;
- Economia compartilhada mudando a relação com os imóveis;
- Residências se tornando também locais para trabalhar.
Neste cenário a demanda por moradias com novas configurações tende a se intensificar nos próximos anos.
Hoje os consumidores são mais críticos e seletivos. Tem muito mais acesso à informação. Mas as mudanças que nos interessam de fato não estão “dentro da Internet”. O principal efeito é que o modo de pensar da Internet está sendo aplicado a muitas coisas da vida real.
As mudanças que realmente fazem a diferença são as que criamos para nos adaptar às mudanças do mercado.
Ou projetamos a mudança ou viramos vítimas dela.
Mudanças na Demanda
Há um forte decréscimo da demanda por domicílios formados por três e quatro pessoas e o crescimento gradual da demanda por domicílios unipessoais e por domicílios formados por duas pessoas.
A demanda por domicílios por condição de ocupação apresenta forte tendência de migração de cedido para alugado ou próprio. Isso pode ser impacto do maior acesso das populações mais carentes a outras opções de ocupação em decorrência da expansão da política e do crédito habitacional.
Conforme indicam as projeções, o número de domicílios com rendimento médio mensal até R$1.800,00 deve cair, indicando redução de participação dessa classe de rendimento de 51,4% para 19,8% nos próximos 25 anos. Essa queda de participação deve ser compensada pelos aumentos em todas as demais classes de rendimento domiciliar. As classes de rendimento domiciliar que devem observar maiores acréscimos são as de domicílios com rendimento mensal de R$2.600,01 a R$4.000,00 e de domicílios com rendimento mensal de R$4.000,01 a R$7.000,00.
Faixa 1: domicílios com rendimento mensal de até R$ 1.800,00
Faixa 2: domicílios com rendimento mensal de R$ 1.800,01 a R$ 2.600,00
Faixa 3: domicílios com rendimento mensal de R$ 2.600,01 a R$ 4.000,00
Faixa 4: domicílios com rendimento mensal de R$ 4.000,01 a R$ 7.000,00
Faixa 5: domicílios com rendimento mensal superior a R$ 7.000,01.
Rompendo antigos padrões
O perfil do consumidor está em transformação. Muitos consumidores estão criando novas narrativas. Há na verdade o desejo de romper com os estilos de vida tradicionais. Isto gera um crescimento de tendências inovadoras com cada vez maior diversidade de nichos e estilos de vida.
Segundo os dirigentes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, 2019 será o ano dos imóveis de nicho.
Vejamos algumas destas tendências:
Unidades menores e maior valorização dos espaços de convívio comum
Pesquisa da IKEA - Beyond Four Walls A new era of life at home mostra que o senso de casa vai muito além das quatro paredes.
- 35% dos moradores de áreas urbanas dizem que há lugares onde se sentem mais em casa que em sua própria residência. Em 2016 era 20%.
- 47% procuram na comunidade experiências para crescer como pessoas.
- 64% preferem morar em uma pequena casa mas num ótimo lugar.
- 60% das pessoas estão prontas para criar uma vida em casa diferente daquela na qual foram criados
As quatro paredes são importantes, mas há uma crescente necessidade de outros espaços de convivência e experiências fora das quatro paredes para se sentir em casa.
O bairro e a comunidade tornaram-se mais importantes que o tamanho do imóvel.
O sentimento de lar se amplia para um maior senso de comunidade e pertencimento, com espaços de habitação menores e mais espaços de convívio e de uso comum.
Menos ostentação e mais experiências de bem-estar
O modelo hiper consumista não é mais sustentável. Muitos consumidores estão adotando um estilo de vida mais minimalista, Moderação e integridade são particularmente relevantes na geração de 20 a 29 anos. Rejeitam o consumo ostentação e a posse material em favor de experiências e um estilo de vida mais livre. Mais que possuir, vivenciar. Este comportamento dos millennials, é uma tendência que se espalha pelo mundo e começa rapidamente a influenciar outros segmentos.
Com a eliminação do supérfluo a necessidade de espaço nas habitações diminui e aumenta a necessidade de proporcionar experiências que tragam bem-estar e significado às pessoas.
Pós-luxo
Nos segmentos mais altos, este mesmo movimento de menor ostentação e maior conscientização e sustentabilidade levou ao conceito de pós-luxo.
É um movimento de redução do consumo vazio de significado e a busca de produtos que promovam outros valores. Estes consumidores procuram por empreendimentos que proporcionem experiências significativas e enriquecedoras.
“É o luxo com razão de ser. É caro porque requer pesquisa, desenvolvimento de produto, matérias-primas excepcionais” diz a empresária Fernanda Ralston Semler da Botanique Hotel & Spa.
Morar sozinho
O crescimento de pessoas morando sozinha é uma das grandes tendências mundiais. Esta composição familiar é a segunda que mais cresce no Brasil.
Isso se deve a uma série de mudanças sociais como poder pagar por isso, a emancipação feminina, mais alternativas de relações sociais, a internet e suas redes sociais, a urbanização com sua oferta de serviços que facilitam a vida, pessoas se casando cada vez mais tarde, aumento de divórcios, maior longevidade da população, menor estigma de ser solteiro e a busca de maior independência pessoal.
Estas pessoas buscam por empreendimentos projetados para maior praticidade e com mais espaços compartilhados que permitam maior socialização e bem-estar.
Empreendimentos para terceira idade
A terceira idade merece uma atenção especial do mercado imobiliário. O número de idosos deve superar o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos no Brasil em 2031. Nos últimos 20 anos a quantidade de idosos vivendo sozinhos triplicou.
Tendência de criação de domicílios multipessoais formada por pessoas idosas, ou ainda a construção de condomínios especialmente preparados para as necessidades desta fase da vida. Empreendimentos com infraestrutura para este público, como portas largas para passagem de cadeiras de rodas e andadores, banheiros com barras laterais, pisos antiderrapantes, eliminação de degrau entre ambientes, espaços para reabilitação, estrutura de lazer e laboratórios médicos, ambientes para integração e socialização.
Demanda por domicílios com duas pessoas é a que mais cresce
As pessoas cada vez mais adiam ou acabam por não ter filhos. A esta composição de casais sem filhos juntam-se diversos arranjos de duas pessoas, como pai ou mãe com filho(a) e amigos que compartilham a moradia. Com isto, a demanda por domicílios para 2 pessoas é a que mais cresce no Brasil.
Vida Nômade
A vida nômade é um desejo de mobilidade e mudança. É a realidade de muitos jovens urbanos que aceitam a transitoriedade e a incerteza como norma. Em sua busca por educação, experiência e trabalho, vivem com menos em espaços compactos alugados. Com rendas limitadas, reduzem o excesso de posses e a necessidade de espaço.
Coliving e Cohousing
Viver num sistema comunitário atrai muitas pessoas. Seja para fugir da solidão ou compartilhar experiências, valores e escolhas de vida. Compartilham áreas comuns e serviços e moram em um quarto com banheiro no Coliving ou em suas próprias casas no Cohousing. É uma comunidade com necessidades e custos otimizados.
Tudo que pode ser compartilhado tende a ser compartilhado
Fatores práticos, emocionais e econômicos fazem o compartilhamento crescer rapidamente em todo mundo. Espaços e serviços tendem a ser compartilhados. De moradias à espaços de trabalho, alimentação, atividade física, lazer e convívio, tudo que pode ser compartilhado tende a ser compartilhado. É um universo de oportunidades de inovação nesta área.
Há uma transição do modelo de consumo de posse pelo de valorização do benefício da experiência. A economia compartilhada gera maior eficiência e são um fator fundamental de praticidade e bem-estar.
Espaços Multifuncionais
Tendência de compartilhamento de espaços comerciais em turnos complementares.
Bares e restaurantes que funcionam apenas à noite compartilham o ambiente, a infraestrutura e o mobiliário existentes para coworking durante o dia.
Há potencial para hotéis, academias e outros estabelecimentos de varejo, rentabilizando sua infraestrutura física ao abrigar outras atividades em suas instalações, além da sua atividade-fim.
Há diversa possibilidades, de lojas colaborativas à pop up stores temporárias.
Apartamentos compactos para aluguel de curta duração
Uma das tendências no mercado imobiliário são os apartamentos compactos para aluguel de curta duração. É uma oportunidade para investidores que podem rentabilizar seu investimento através dos sites de hospedagem alternativa, como o Airbnb.
Obviamente estes são apenas alguns nichos. Cada mercado local tem suas peculiaridades.
Pesquisar as mudanças de comportamento do seu mercado-alvo específico e projetar um conceito imobiliário que atenda de forma criativa às novas necessidades do consumidor tornou-se essencial.
Vai projetar a mudança? Ou quer ser vítima dela?
Projete seu conceito imobiliário com base em mudanças de comportamento e inovação.
Fontes:
2019 Trend Report, TrendHunter
Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez Anos. Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias - ABRAINC. Produto 2 - Relatório Técnico Final - 2ª Versão 17 de outubro de 2018 https://www.abrainc.org.br/wp-content/uploads/2018/10/ANEHAB-Estudo-completo.pdf
As novas tendências do mercado da construção civil
Beyond Four Walls A new era of life at home. Report life at home, IKEA
Boletins de Tendência Construção Civil, 2018 - Sebrae Inteligência Setorial
Coabitação: Solução para o futuro morar?
Conheça o conceito cohousing, uma nova forma de morar e viver
Demanda Futura por Moradias: Demografia, Habitação e Mercado, 2018, Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação UFF
Fotografia do Brasil - Dados e indicadores nacionais. Globo Sintonia 2018
Habitação 10 anos no futuro - Onde estamos e para onde podemos ir. 2018. CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção.
Pós-luxo: a conscientização de que a riqueza está além da exclusividade
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